Nada que comemorar é muito trabalho duro


Muitas crianças não têm o Dia da Criança como uma data especial e trabalham para ajudar a família. O Nordeste é a região campeã do trabalho infantil.



Para ajudar no sustento da família, o jovem abriu mão da infância e começou a trabalhar vendendo artesanato (estatuas feitas de conchinhas) desde os 12 anos. Como precisa levar algum dinheiro para casa, Paulo Ricardo chega a percorrer, a pé, toda a extensão da Avenida Litorânea (cerca de 5 km) em busca de clientes, que na maioria são turistas.

Os preços de cada escultura variam entre R$ 5 e 10 e somam, às vezes, ao fim de cada dia uma quantia de aproximadamente R$ 50. Apesar do trabalho puxado o jovem garantiu que não sente vergonha em estar vendendo os produtos artesanais nas praias e disse ainda que a prática não o tira da escola e nem impede os momentos de lazer. “Eu trabalho para ajudar em casa e mamãe ainda me deixa ficar com uma parte. Só trabalho aos fins de semana e nos feriados, mas não deixo de ir para a escola. Nas folgas aproveito para me divertir”, declarou.


Números


A Região Nordeste concentra a maior parte do trabalho infantil no país. Dos mais de dois milhões de crianças e adolescentes de 5 a 15 anos que trabalhavam no Brasil em 2009, 43,7% (900.327) estavam no Nordeste.

As informações fazem parte da Síntese de Indicadores Sociais, um estudo do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) que analisou as condições de vida da população brasileira em 2009.

Apesar do grande número de crianças no mercado do trabalho, o Nordeste se destaca por ter em grande parte de seus municípios alguma política de combate ao trabalho infantil. Dados da Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic 2009) mostram que, enquanto em todo o Brasil essas políticas estão presentes em 66,5% das cidades, na Região Nordeste – com 1.794 municípios – a taxa é de 81,4%.

reportagem de Michel Sousa