Conheça o perfil do pelotão americano que comandou o ataque a Bin Laden

Ontem, os jornais americanos tentaram traçar um perfil do pistoleiro sem nome e sem rosto que aniquilou Osama, com um tiro na cabeça


Foto: George R. Kusner

Ao menos 20 soldados participaram da operação

Victor Albuquerque e agências|Redação CORREIO
victor.silva@redebahia.com.br

Eles são considerados os supersoldados americanos e, na segunda-feira, cumpriram uma das missões mais importantes do país: achar e matar o terrorista mais procurado do mundo, Osama Bin Laden. São os Seals, uma unidade de ponta ligada à Marinha dos Estados Unidos, especializada em operações de alto risco.

No time, estão os melhores soldados, selecionados de um esquadrão de elite chamado Navy Seals. A sigla significa Sea, Air, Land (Mar, Ar e Terra). Seus membros são chamados de “black operatives”. A definição indica que eles agem fora do protocolo militar e cuidam de missões do mais alto nível secreto. Os soldados atuam, muitas vezes, fora dos limites das leis internacionais, em missões que não são documentadas.

Ex-combatente do pelotão, Alden Mills definiu bem a equipe. “É um grupo de alta testosterona”. E completou: “Para eles, o fracasso não é uma opção e a dor é a fraqueza saindo do corpo”. Outro ex-Seal, Chris Heben também foi categórico ao falar do pelotão. “Não há espaço para fanfarrões”.

Anonimato
Heróis nos Estados Unidos, os soldados que fazem parte dos Seals sequer podem curtir a fama. Pouco se sabe sobre os homens que fazem parte desse grupo de elite. A identidade deles e as táticas que usam nas missões são guardadas em absoluto segredo. Afinal de contas, eles agora são alvos em potencial de terroristas que queiram vingar a morte de Osama Bin Laden. Ele é o atirador desconhecido.

Ontem, os jornais americanos tentaram traçar um perfil do pistoleiro sem nome e sem rosto que aniquilou Osama, com um tiro na cabeça. Especula-se que ele possua entre 26 e 33 anos e, provavelmente, tenha liderado o ataque em Abbottabad, no Paquistão. É seguro dizer que se trata de um homem, porque não há mulheres no Seals. E há uma boa chance dele ser branco, visto que negros e mestiços ainda são minoria no pelotão. “Ele foi, seguramente, um atleta na faculdade, e deve ter um tipo físico que combina força, velocidade e agilidade”, analisa o ex-Seal Marcinko Richard, que arremata: “Essa não terá sido a primeira aventura do atirador”.


Criação
O Seal surgiu na II Guerra Mundial, quando os EUA perceberam que, para invadir o Japão, precisavam de melhores combatentes, de raciocínio rápido, e que pudessem fazer incursões pelo mar. Além de conhecimento tático, os soldados precisam ter uma força física extraordinária. A formação de um Seal dura entre 18 e 24 meses. Nesse período, eles passam pelo que chamam de semana infernal, quando, por cinco dias, ficam em locais úmidos, expostos ao frio, fome e à privação de sono. Eles contam com uma fundação que recebe doações para ajudar seus familiares. Esta semana, a instituição viu a oferta de doações aumentar de forma inesperada após a morte de Bin Laden. Já na segunda-feira, o número de doações era 60% acima do normal. Segundo o diretor da fundação, David Guernsey, foram recebidos US$ 6 mil, valor fora do comum. Ainda de acordo com Guernsey, a maior parte dos doadores fez sua contribuição pela internet.


‘Havia sangue em duas das camas’
A residência crivada de balas onde Osama Bin Laden foi morto no domingo foi transferida para o controle da polícia paquistanesa ontem, enquanto a imprensa buscava alguma pista nos escombros deixados pela operação dos EUA que matou o líder da Al Qaeda. O esconderijo de Bin Laden estava sob forte vigilância do Exército local, após a ação realizada por forças especiais dos EUA, na cidade de Abbottabad, 50 quilômetros ao norte da capital Islamabad. Jornalistas receberam permissão para entrar no perímetro do fortificado complexo, mas não para ultrapassar suas altas paredes, feitas de grandes blocos de concreto, divididas por três grandes portões e ainda protegida por arame farpado. O oficial de polícia Qamar Hayat descreveu um pouco o interior da casa, dizendo que havia seis camas e “sangue em duas das camas”. Segundo ele, não há data para a abertura da casa para a imprensa. Alguns poucos moradores também se aproximavam para ver a casa mais famosa da vizinhança.