Por "engano", gestor exonera professores do Maranhão

Ele demitiu os professores por conta da greve na rede pública, mas foi desautorizado pelo governo do Estado

O gestor da Unidade de Educação de Barra do Corda, José Benones de Souza, determinou a exoneração de todos os professores da região que participam da greve na rede pública estadual de ensino do Maranhão. A regional de Barra do Corda engloba 18 cidades do Maranhão. A Secretaria Estadual de Educação (Seduc) não autorizou a exoneração em massa dos docentes e revogou o ato do gestor.

O número de professores que seriam atingidos por essa medida é incerto mas, somente na sede, em Barra do Corda, cidade a 462 quilômetros de São Luís, existem aproximadamente 70 docentes da rede pública estadual de ensino que aderiram ao movimento. Segundo a portaria 015/2011, expedida nesta segunda-feira por Souza, a exoneração tomou como base a desobediência dos professores à determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), que confirmou a ilegalidade da greve na semana passada.

Em nota, a Seduc informou “não houve nenhuma orientação às Unidades Regionais de Educação (UREs) para proceder exoneração de professores. Em relação à URE Barra do Corda, a Seduc informa que houve um equívoco por parte do gestor da Unidade”, esclareceu a secretaria.

Tensão
Nesta terça-feira, a greve dos professores completou 43 dias com aumento da tensão entre professores e governo do Estado. As negociações foram interrompidas e o governo fez uma convocatória aos docentes, com ameaças de exoneração e corte de ponto, para que eles voltem ao trabalho.

A Secretaria de Educação do Estado afirma que cerca de 90% dos professores já voltaram às salas de aula; o Sindicato dos Trabalhadores em Educação Pública do Maranhão (Sinproesemma) negou o esvaziamento da paralisação docente no Estado e classificou as ameaças do governo como “atos de terrorismo”.

Durante sessão realizada hoje na Assembléia Legislativa do Maranhão, ficou claro o clima de animosidade entre governo e professores. O deputado estadual governista Magno Bacelar (PV) foi vaiado por docentes após pedir o retorno às aulas. Após as vaias, o presidente da Assembléia em exercício, Marcos Caldas (PRB), foi obrigado a suspender a sessão em dois minutos e ameaçou retirar os professores a força do plenário da Assembléia. Apesar disso, não houve conflitos.

Escolas
Enquanto não se tem uma definição sobre o final da greve, pais e alunos vivem a incerteza do reinício do ano letivo no Maranhão. Em algumas grandes escolas, como o Liceu Maranhense, o ano letivo foi reiniciado na segunda-feira. Em outras, como o Centro Integrado Rio Anil (Cintra), apenas as aulas das turmas de ensino fundamental foram retomadas. “Nem sei se mando meu filho para a escola, é complicado viver uma situação como essa”, declarou Antônio Silva, pai de um aluno do ensino médio do Cintra.

Wilson Lima, iG Maranhão