"Nenhuma tendência é dona da verdade", afirma dirigente do PSOL

Em "entrevista virtual" exclusiva ao blog, através do facebook, no início da tarde de hoje, o dirigente do PSOL-MA, membro da direção estadual do partido, Nonato Masson, afirmou que "nenhuma tendência é dona da verdade".

Segundo o dirigente, o partido é formado por muitas tendências, sendo basicamente cinco grandes com expressão nacional.

Perguntado sobre a saída de mais 37 membros do PSOL, agora no Rio de Janeiro (RJ) e no Rio Grande do Sul (RS), Masson afirmou que "o grupo do RS é minoritário e regional também" e que desconhece o do RJ.

Nonato Masson informou ainda que a pauta do PSOL não é a das disputas internas e da saída de dirigentes e militantes, mas sim a "defesa do mandato da Marinor no Ficha Limpa, a frente de combate ao trabalho escravo com a Marinor, a CPI do tráfico de pessoas, o Jean Willys e a frente parlamentar contra a homofobia, o Edmilson no Pará na relatoria do combate ao trabalho escravo, o Freixo no Rio no combate ao crime organizado. Essa picuinha não é pauta do PSOL", assegurou Masson.

Na entrevista, o dirigente reiterou que Valdeny Barros, ex-secretário geral do PSOL, assumiu interinamente a presidência do partido. "Só saíram 8 membros da direção que é composta por 25, os suplentes vão assumir", informou, pondo fim na querela que tendia a dividir o partido ao meio. "Não tem mais querela", pontuou.

Masson aproveitou a oportunidade para se dirigir ao público em geral: "O PSOL continua aberto para quem se auto-identifica como de esquerda e quer construir um projeto de partido socialista, respeitando as diferentes concepções do termo e respeitando as diferenças. Esse sempre foi o programa do PSOL. Nenhuma tendência é dona da verdade".

Ele informou ainda que na maioria dos municípios do Maranhão, ficaram todos os membros. "Em Caxias, foram 08 que saíram. Em Imperatriz, só 04. Em São Luís, saíram mais".

Segundo Masson, as novas filiações que deflagraram o cisma no partido são reforços "de peso" para o PSOL no Maranhão. "Em São Luís, ganhamos adesões de peso com a entrada de Haroldo [Saboia], Franklin [Douglas], [Wagner] Baldez, Roberval [Costa] e outros. Em Imperatriz, ganhamos Sônia Guajajara, Conceição Amorim e outros".

Para o dirigente, todos os nomes supracitados "são figuras de esquerda", de quem pode até "discordar em muito de suas posições", mas não pode dizer que não são de esquerda, avisando que o debate é preciso: "E vamos para o debate interno com elas".

Maioria em decadência e minoria em ascensão

Nonato Masson informou que a disputa interna que está sendo divulgada pela mídia e pela blogosfera é antiga e que foi motivada por uma "maioria em decadência e uma minoria em ascensão":

Nonato Masson (N.M): "No 1º Congresso do PSOl, eu disputei a presidência contra Paulo Rios. Ele ganhou com 80% dos votos. Foi um massacre! No 2º Congresso, tivemos 40%. Nós dobramos e eles [grupo do Paulo Rios] encolheram. Aí nos dispomos a fazer o debate interno e disputar nos municípios. E sempre disputamos com respeito aos adversários. Não criamos nenhum problema a eles ou a suas candidaturas".

Questionado sobre a veracidade das acusações do grupo que deixa o partido, como financiamento de campanhas por empresas privadas, Masson respondeu o seguinte:

N.M: "Isso é coisa do passado que foi altamente discutida internamente. Nós não somos uma igreja que tem a salvação revelada. Não temos receio de cometer erros e atuamos como partido na disputa institucional fincados na luta social. O problema é que algumas tendências confundem o programa da tendência com a do partido".

Socialismo ou Capitalismo?

Indagado sobre a acusação de que o partido está adotando práticas capitalistas para a simples disputa eleitoral e se afastando de seu viés socialista, Masson respondeu:

N.M: "O partido tem tendências, mas nenhuma tendência é o partido. E cada uma das tendências tem sua concepção de socialismo. É um debate difícil e caro para a esquerda, mas feito no conjunto do PSOL de forma respeitosa, exceto por alguns setores isolados, como esse que ora sai do partido no Maranhão".

Hugo Freitas: E quais são essas tendências que compõem o partido?

N.M: "No Maranhão, temos pelo menos 3 tendências organizadas: o MES da professora Socorro, a APS do Valdeny e a CST da Denise, movimento esquerda socialista (que é uma dissidência da CST), ação popular socialista (que se constituiu na ditadura militar, fundou o PT e saiu em 2005 vindo pro PSOL). Além dessas, tem o Enlace (que é um aglomerado de militantes de diferentes tendências do PT, especialmente DS, MUS e AE) e o CSOL (que é um grupo que saiu do PSTU e veio fundar o PSOL em 2003)".

União das esquerdas

Por fim, Nonato Masson afirmou que uma união dos partidos de esquerda não é tão fácil como se poderia imaginar, devido às diferentes concepções de esquerda e de socialismo de partidos como o PSTU, PCB, PCdoB, PT, PSB. "Discordamos de todos eles, mas respeitamos. Vamos para o debate, para o convecimento de que o lugar deles não é lá".

Fonte Hugo Freitas